Um estudo sobre segurança viária e os hábitos de deslocamento de idosos trouxe algumas informações sobre o comportamento da população da terceira idade no trânsito, especialmente passado o período da pandemia. O dado mais alarmante da pesquisa destaca que 60% dos mortos no trânsito são idosos.
A pesquisa é da Fundación Mapfre e tem apoio técnico dos pesquisadores do Centro Brasileiro de Análises e Planejamento (Cebrape). De nome “Adeus às chaves: perfil, segurança e o momento da transição”, o estudo levantou dados em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.
“O ato de dirigir, para as pessoas idosas, é sinônimo de autonomia e independência para realizar atividades do dia a dia, como se locomover até o trabalho, ter momentos de lazer, autocuidado e saúde. Contudo, com o processo natural de envelhecimento, podem ocorrer perdas sensoriais e cognitivas importantes, que influenciam na capacidade do indivíduo idoso para dirigir”, afirma Fátima Lima, representante da Fundación Mapfre no Brasil.
Ainda de acordo com a pesquisa, as ocorrências de trânsito sem colisão têm 15% de participação dos idosos, o que pode acontecer por situações pessoais do condutor, como um mal súbito, por exemplo.
Mas as dificuldades no trânsito vão além da direção. Elizete garante que se sente mais segura dentro do carro do que andando nas ruas. “Eu sou pequena, não enxergo como os jovens, mas tomo cuidado com a minha vida e com a das outras pessoas. Mas quando eu preciso andar na rua, atravessar uma sinaleira, não sinto que as outras pessoas se preocupam com quem é mais velho”, completa.
Para melhorar a sensação de segurança, não só para os idosos, é importante que sejam desenvolvidas políticas públicas para oferecer uma mobilidade mais segura e um trânsito menos violento.
Um dos fatores norteadores do estudo foi a pandemia da Covid-19. Dados apontaram que, em Salvador, 71% dos idosos deixaram de sair após a crise sanitária, nem mesmo para visitar parentes. Isso reduziu, portanto, o uso por parte deles do transporte público, por aplicativo ou carro próprio.
No caso do transporte público, esse foi o meio de transporte que teve maior queda de uso entre eles. Mas a que se deve isso? A insegurança e dificuldades de locomoção podem aparecer como razões.
Elizete Ramos, 68 anos, já não sabe o que é pegar um ônibus há algum tempo. “A gratuidade na passagem nunca me atraiu”, brinca a idosa, que é habilitada e prefere sair com ou próprio carro ou de aplicativos.
“Não é confortável para alguém da minha idade ter que pegar ônibus. Primeiro porque não tem sido seguro, segundo pela qualidade da frota que não é boa. Então, eu vou no meu carrinho, com cuidado sempre”, conta a professora aposentada.
Procurada pela reportagem, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) disse não ter “conhecimento da pesquisa e por isso não irá se manifestar sobre os dados”.
Fonte:ATarde