O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 72 horas para o governo entregar as gravações de reunião citada em depoimento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, realizada dia 22 de abril, entre o presidente Jair Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão, e ministros. A gravação solicitada pelo decano da corte refere-se ao trecho do depoimento em que o ex-juiz federal afirma que reunião do conselho de ministros, que tinha como objetivo apresentar o programa econômico Pró-Brasil, na qual Bolsonaro cobra a substituição do superintendente da PF do Rio de Janeiro e do diretor-geral da Polícia Federal, delegado Mauricio Valeixo, além relatórios de inteligência e informação da PF.
O depoimento de Moro durou mais de oito horas no sábado (2) na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Ele foi questionado sobre as acusações de que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da Polícia Federal (PF) e em inquéritos relacionados a familiares. As acusações foram feitas pelo ex-ministro quando ele anunciou sua saída do governo, em 24 de abril. Após o depoimento, foi aberto um inquérito pelo ministro Celso de Mello, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), a fim de apurar se Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF.
O ministro do STF já havia autorizado que a Polícia Federal interrogue dez pessoas no inquérito que investiga as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ao presidente Bolsonaro. Entre os depoimentos a serem prestados, três são de ministros do governo: Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo; Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional; e Braga Netto, da Casa Civil. Moro acusa Bolsonaro de ter tentado interferir indevidamente nas atividades da PF.