No mês em que se celebra o Dia Nacional de Combate ao Câncer InfantoJuvenil, a Bahia registrou 468 casos da doença. Os dados são do Painel de Oncologia do Datasus, do Ministério da Saúde, contabilizados até o dia 15 de novembro de 2023. À título de comparação, durante todo o ano de 2022 foram 663 casos.
Apesar de rara em crianças, a doença é considerada a primeira causa de morte por doença infantojuvenil e a segunda em óbito em geral. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos da doença em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade.
A oncopediatra do Hospital Sanza Izabel e membro do comitê de Oncologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria, Luciana Nunes, explicou que os principais sintomas do câncer infantil são muito parecidos com doenças corriqueiras da pediatria e destacou como o diagnóstico tardio pode piorar a chance de cura dos doentes.
“Existe um fator de confusão muito grande entre os profissionais de saúde. Como o câncer infantojuvenil é raro, uma vez que apenas 3% de todos os tipos de câncer acontecem na faixa etária pediátrica, esse profissionais de saúde não lembram dessa possibilidade de diagnóstico, o que atrasa muito o diagnóstico e, por consequência, pioram as chances de cura dos doentes”, explicou a médica.
Segundo Dra. Luciana, estima-se que que anualmente sejam registrados na Bahia entre 700 e 600 casos. Luciana Nunes salienta também que atualmente muitos desses casos são acompanhados em serviços públicos.
“Nós temos hoje cinco serviços públicos que atendem oncologia pediátrica, que são eles: o Hospital Martagão Gesteira; o Hospital Aristides Maltez; o Hospital Santa Izabel; o Hospital da Crianças em Feira de Santana; e a Santa Casa de Itabuna, além de outros serviços privados menores”, conta.
Sintomas e tratamento
Luciana Nunes destaca que os sintomas mais comuns da doença:
- Febre prolongada
- Dor em membros, principalmente aquela dor localizada;
- Cefaleia, uma dor de cabeça intensa com vômitos matinais, que não melhora com analgésicos comuns e que atrapalha atividades habituais da criança
- Emagrecimento
- Caroços pelo corpo
Em relação ao tratamento, podem ser realizados em todas as faixas etárias (de 0 19 anos). Ele deve ser realizado em centro especializado pediátrico, de forma individualizada para cada tipo histológico.
Alerta e avanços
Em relação a incidência, a oncopediatra afirma que não há, no momento, um aumento de casos e reconhece a velocidade em que diagnósticos vêm sendo feitos. Não à toa, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 80% dos casos podem ser curados, caso sejam descobertos em fases iniciais.
“A gente não percebe um aumento da incidência. Talvez um aumento do reconhecimento. No passado, muitas crianças acabavam morrendo por doenças infectocontagiosas ou doenças de diagnóstico desconhecido. Hoje a gente consegue um diagnóstico melhor dessas doenças”, salienta a médica.
De acordo com o Ministério da Saúde, causas de câncer pediátrico são desconhecidas, entretanto, um pequeno número se deve a anormalidades genéticas ou hereditárias. Os tumores mais frequentes são as leucemias, os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).
A pasta traz ainda o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).
Por outro lado, a médica alerta para a taxa de mortalidade da doença em crianças e jovens.
“Hoje a gente sabe que o câncer é a doença que mais mata crianças na faixa etária de 1 a 19 anos, só perdendo para casos externos, isso mesmo nas regiões Norte e Nordeste no Brasil. Enquanto a gente conseguiu controlar as doenças infectocontagiosas e reduzir mortes por pneumonias e diarreias, a doença que hoje mais mata crianças é o câncer”, alerta a médica.
“Por isso, é muito importante a gente soltar esse alerta para os profissionais de saúde, para rápido reconhecimento e encaminhamento para os centro de referências, para que a gente possa minimizar o sofrimento dessa criança, e aumentar a chance de cura dela com um diagnóstico mais preciso, mais rápido e com tratamento em centros de referência”, concluiu.
Fonte:iBahia