O Imperial College de Londres publicou nesta sexta-feira (8), um novo relatório composto por 25 páginas com foco nos números da pandemia no Brasil. O documento recomenda ações mais duras das autoridades para conter a expansão do novo coronavírus.
“Mesmo que a epidemia brasileira ainda seja relativamente nascente em escala nacional, nossos resultados sugerem que mais ação será necessária para limitar sua expansão e evitar a sobrecarga do sistema de saúde”, afirmam os pesquisadores no documento.
Segundo informações publicadas pelo G1, foram analisados os 16 estados mais afetados pela Covid-19, e os impactos das medidas de prevenção adotadas.
“Não está claro ainda se foram eficazes para reduzir a transmissão do vírus no país”, dizem. “Os casos relatados mais que dobraram nos últimos dez dias e demonstram pouco sinal de arrefecimento.” Diante do crescimento rápido, afirmam que é preciso entender melhor a situação para “orientar as decisões políticas que objetivam evitar a piora na emergência na saúde”.
Os cientistas – com base nos modelos estatísticos – estimaram a proporção de pessoas contaminadas pelo coronavírus nos 16 estados. Apenas no Amazonas o número supera os 10%. São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco está entre 3% e 4%. No resto do país, mal supera 1%.
Ainda de acordo com o G1, o relatório avalia que as medidas de isolamento social no Brasil, como fechamento de escolas e redução na mobilidade, reduziram o contágio pelo novo coronavírus nos 16 estados, mas não o suficiente. Para chegar à conclusão, eles avaliaram o comportamento do indicador usado pelos epidemiologistas para acompanhar velocidade de contágio, conhecido como “número de reprodução”, ou R. Tal número corresponde aproximadamente à media de pessoas a quem cada infectado pela doença transmite o vírus.
Os pesquisadores afirmam que para manter a pandemia sob controle é necessário reduzir o R abaixo de 1. “Um número de reprodução acima de 1 significa que a epidemia não está ainda controlada e continuará a crescer”, afirmam os pesquisadores. No caso brasileiro, eles avaliam que o R caiu do patamar inicial, estimado em torno de 3 e 4, mas continua acima de 1. “Essa tendência está em franco contraste com outras epidemias de Covid-19 na Europa e na Ásia, onde quarentenas forçadas reduziram com sucesso o número de reprodução abaixo de 1”.