Ao longo de 2022, 57 baleias jubarte encalharam na costa brasileira. Deste total, 25 perderam o caminho das águas e vieram parar nas areias de praias situadas em território baiano, segundo o Projeto Baleia Jubarte (PBJ). Na ´ultima segunda-feira (29), uma fêmea adulta da espécie, com 12,87 metros, encalhou na Praia de Pititinga, em Arraial D’ajuda. A causa da morte, devido ao estado de decomposição da carcaça, não foi identificada,  mas amostras de material biológico foram coletadas e serão analisadas.

O número atual de encalhes faz a Bahia ficar com 43% de todos os registros no Brasil e se colocar bem à frente no ranking nacional. Para se ter uma ideia, Rio de Janeiro e São Paulo, estados com mais registros depois da Bahia, têm, respectivamente, nove e sete encalhes divulgados até agora. O número nacional, no entanto, está bem distante ao proporcional de 2021, quando os encalhes quebraram recorde e, até agosto, 123 jubartes apareceram em areias brasileiras.

Jubarte de 12 metros encalhada em Arraial D’ajuda (Foto: PBJ)

Comum à natureza


Na Bahia, se consideramos que durante todo o ano anterior aconteceram nove encalhes, o estado já tem um registro quase três vezes superior, com quatro meses faltando para o fim do ano. Mesmo assim, Gustavo Rodamilans, coordenador do Projeto Baleia Jubarte, afirma que o número é esperado e não preocupa. 

“Não é preocupante, pois esse é o número esperado de mortalidade, já que temos uma população com cerca de 20 mil baleias jubarte no litoral brasileiro. A Bahia é o estado que abriga a maior concentração de baleias jubarte, desta forma, é natural que aqui tenhamos o maior número de encalhes”, afirma Rodamilans, que é doutor em medicina veterinária.

Victor Bandeira, biólogo e coordenador do projeto Baleias Soteropolitanas, do Instituto Redemar, também não faz alarde sobre o número e destaca a natureza marinha da Bahia como razão de seu aumento . 

“É natural e esperado que o número de encalhes aumente, 25 é triste, mas não preocupante. O maior berçário para a população de jubartes do Brasil fica no Banco de Abrolhos, no extremo Sul da Bahia, então é esperado”, explica Bandeira, que é mestre em ecologia.

Dos 57 encalhes nacionais, 50 aconteceram em julho e agosto. Quanto à Bahia, o  Baleia Jubarte não tem esse número separado, mas é provável que o pico por aqui  também tenha acontecido nesses últimos dois meses, época de reprodução da 
espécie.

“O extremo sul do estado é considerado o maior berçário da espécie. Em todo oceano atlântico sul ocidental, é para cá que muitas baleias jubarte vêm para reprodução e para ter os seus filhotes. Isso por si só explica os encalhes”, diz a bióloga.
 

Causas de encalhes são diversas (Foto: PBJ)

Quais são as causas?


Ainda de acordo com Márcia,  que é mestre em zoologia, os motivos para que os animais acabem parando  na costa são diversos, podendo ter ou não a influência humana em cada um dos casos de óbitos.

“Os encalhes podem ser tanto de causas naturais, já que existe uma mortalidade de filhotes que não conseguem sobreviver e adultos que morrem por doenças comuns, como por influência antrópica através de atropelamento por embarcações, contaminação química dos oceanos e acidentes com redes de pesca”, elenca Gustavo Rodamilans, acrescentando que a maioria das mortes  são de causa natural, com filhotes que morrem por se perderem das mães e adultos que vem a óbito por doenças ou pela idade.

“O número de filhotes é cerca de 50% dos encalhes, número esperado, já que , por ano, temos cerca de 2,5 a 3 mil filhotes nascendo.
 Ou seja, cerca de 1% vem a óbito por conta da seleção natural”, completa o coordenador do Baleia Jubarte.

Fonte: Correio24Horas