Casos da doença de Creutzfeldt-Jakob, mal que acomete o cérebro, comprometendo funções motoras, além da fala e da visão, chegaram à Bahia causando medo na população. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), em 2022, foram confirmados cinco casos na Bahia, todos em residentes da capital. Destes, um está internado, três foram a óbito e um está sendo investigado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs).
A infectologista Clarissa Ramos explica os possíveis motivos para a confusão entre a doença da Vaca Louca e a Creutzfeldt-Jakob. “Todas essas doenças são transmitidas por príons (moléculas de proteínas que têm a capacidade de gerar uma série de problemas de saúde) e isso leva a uma confusão. Também porque a doença da vaca louca é mais difundida. A doença da Vaca Louca é causada no bovino e a de Creutzfeld-Jakob é causada no ser humano e ela tem algumas variações, subtipos”, conta.
Contaminação
“Um desses tipos que a gente chama de variante da doença de Creutzfeldt-Jakob que seria a doença humana causada pelo príon que causa a vaca louca no bovino. Então, se uma pessoa se alimenta de carne bovina e adquire a doença, ela desenvolve o que a gente chama de variante da doença de Creutzfeldt-Jakob ”, completa.
Dentre os casos mais recentes da doença, está a irmã de Suzana Alves. Aos 40 anos, a vítima morreu na última terça-feira. Ela desenvolveu os sintomas típicos da doença, que rapidamente avançou. “Ela começou com tontura dentro de casa, depois ficou vomitando”, lembra a irmã. “Procurava as UPAs e só faziam hemograma normal mesmo, não dava nada, mandavam pra casa e davam remédio para tontura e vômito. E cada dia só aumentando a gravidade do quadro dela”.
Já com perda de equilíbrio, controle da voz e das marchas do corpo, a irmã de Suzana recorreu a um neurologista, que lhe passou uma bateria de exames. “No dia 15 de agosto ela se internou e os médicos começaram a se aprofundar, pensando que era encefalite herpética”.
O caso se inclui em um dos tipos da doença em que não se sabe identificar como se deu a contaminação. “A forma esporádica que, como já diz o nome, a gente não sabe em si como ela acontece”, explica a infectologista.
“Esporadicamente ela acomete alguém. Não é uma doença comum, é uma doença rara”, continua a especialista. “É algo que pode até acontecer inclusive por mutações dessas proteínas de maneira hereditária. Pode ser por alterações genéticas, pode ser transmissível mas também não se sabe porque algumas pessoas da mesma casa muitas vezes não desenvolvem”, detalha.
Sintomas
A médica também sinaliza que os sintomas mais comuns são tremores e alterações da marcha, ao caminhar. “Ela chegou lá ainda andando e falando. Com um tempo, ela perdeu a fala, não engolia mais, não enxergava mais, não ouvia, só ficava dando espasmos na cama, sofrimento puro”, lamenta Suzana.
A Sesab reforça que os casos de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) registrados na Bahia não têm relação com o mal da vaca louca, doença que acomete bovinos. De acordo com as características e números apresentados pelas notificações no estado, a Vigilância à Saúde do Estado afastou essa ligação.
Fonte: G1