Entre explosões e arrombamentos, além das tentativas de cometer os dois delitos, a Bahia chega ao último mês do ano de 2021 com 45 agências bancárias alvos de grupo criminosos, isso representa um aumento de 165% em comparação ao último ano, quando 17 instituições foram atacadas.

Para cometer o crime,  em sua  maioria no interior do estado, os suspeitos promoveram momentos de terror para a população com a violência: reféns, ‘chuva’ de tiros acompanhado de explosões, estradas no perímetro fechadas com veículos, carros incendiados na fuga e até mesmo postos policial atacados. Essas foram as principais estratégias utilizadas pelas quadrilhas envolvidas nesse tipo de crime.

A maior parte dos crimes aconteceu de forma descentralizada com 69% dos casos em diversos municípios do interior, a capital baiana fica com 31% das ocorrências de 2021. Os dados são do Sindicato dos Bancários da Bahia, que ainda revelam que o bairro da capital baiana com recorde desses ataques foi São Caetano, com três situações: explosão de caixa eletrônico, explosão e tentativa de arrombamento de agência.

O Bradesco foi a instituição com maior prejuízo no estado baiano, ao todo, 15 agências foram destruídas ou tiveram prejuízo com arrombamento. O ranking é seguido pelo Banco do Brasil (14), logo depois a Caixa Econômica Federal (10), Banco 24 Horas (03), não informados (02) e Santander (1).
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22% das agências estão desativadas


Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários, Augusto Vasconcelos, pelo menos 10 agências não conseguiram retomar o funcionamento e seguem desativadas até a finalização da requalificação após o incidente. Nos casos de explosão, ainda tem aquelas que permanecem com funcionamento interno ou parcial, já que os caixas ainda não foram devolvidos para atender a população.

“Temos acompanhado com muita preocupação essa onda de assaltos, o Sindicato tem pautado isso com a Secretaria de Segurança e cobramos também dos bancos, acreditamos que precisa de uma convergência de esforços para reduzir os índices urgente”, lamenta Vasconcelos.

Para ele, uma boa saída seria a conexão múltipla das câmeras de monitoramento das instituições privadas também para a polícia. “Defendo também que os caixas dilacerem as cédulas no momento em que houvesse tentativa de roubo para inibir a ação. Acredito na força policial na apreensão de explosivo e prisão de suspeitos, mas é preciso de mais investimentos”.

Transtorno de deslocamento

Salvador é uma cidade grande, as agências nos bairros facilitam o acesso dos moradores ao serviço e evita a concentração dos usuários. Se torna um transtorno quando há alguma explosão de uma agência bancária.

Caio Silva, proprietário de um consórcio de veículos na região da Fazenda Grande do Retiro, foi um dos prejudicados. A agência da Caixa, no Largo do Tanque, que foi explodida em abril, trouxe para ele o transtorno de ter que se deslocar para outra localidade e pegar engarrafamento.

“Quem tem seu próprio negócio não tem tempo para si e tenta otimizar tudo no mesmo lugar ou pede para o funcionário fazer. Trabalhamos com clientes que precisam ir até o banco ver questão de financiamento, especialmente com a Caixa, que engloba a maior parte dos nossos. Tudo isso ficou mais difícil, dava para ir andando para resolver as coisas, agora…”, lamentou.

No interior da Bahia, a população de alguns municípios enfrentou o desafio de ter que ir para outra cidade para ter acesso a serviços bancários.

O que diz a Polícia

Do outro lado desses roubos frequentes, a Polícia Civil e Militar realizaram diversas operações ao longo do ano, que resultaram na apreensão de armamento e explosivos, além da prisão de suspeitos. Entre eles, um acusado que se entitulava ‘Professor’, personagem da série La Casa de Papel, sucesso da plataforma Netflix, cuja história refere-se a nove ladrões que roubaram a Casa da Moeda Real e o Banco Central da Espanha. O suposto líder de uma quadrilha, responsável por ataques a agências bancárias e uma lotérica no interior da Bahia, foi preso em setembro

A PC afirmou que contabilizou 42 ataques a agências bancárias, sendo dez na Caixa Econômica, cuja investigação é atribuição da Polícia Federal. “O Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), por meio da Coordenação de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras, realiza constantemente operações para combater a prática criminosa. Sessenta e cinco mandados de busca já foram cumpridos, 28 suspeitos presos e 15 mortos em confronto com a polícia. Durante as ações já foram apreendidos 43 armas de fogo, 1.332 munições de diferentes calibres, uma tonelada de material explosivo, a mesma quantidade de drogas e mais de R$ 350 mil, em espécie’, afirmou.

Os dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) analisam as ocorrências de 2021 de uma forma diferente do Sindicato. Ao invés do total geral, a autarquia compara os meses e, segundo eles, houve uma redução de 48% nesse período. 

O Grupo de Trabalhado (GT) criado com com as participações de forças estaduais e federais, além da Febraban, segundo a nota, aponta uma queda “entre os meses de junho e novembro de 2021, na comparação com o período de janeiro a maio. Foram registrados 14 ataques contra a banco entre junho e novembro, 13 ocorrências a menos que nos meses anteriores”. 

Ainda segundo o órgão, “o destaque maior foi em setembro, onde apenas uma ação criminosa foi contabilizada”. “A SSP reforça que o trabalho integrado será intensificado para identificar e prender os autores das ocorrências, em dezembro”.