O governador da Bahia, Rui Costa, criticou a postura da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto à aprovação do uso emergencial da vacina Sputnik V. Em entrevista à GloboNews, na manhã de hoje (26), o chefe do Executivo estadual relembrou o episódio no qual a Anvisa impediu a medição da temperatura de passageiros no Aeroporto de Salvador, no último mês de março.

“Com esse comportamento da Anvisa, tenho que lembrar que no início da pandemia, o estado da Bahia, na tentativa de conter a entrada do vírus, foi medir a temperatura de quem chegava no Aeroporto de Salvador, e a Anvisa entrou na justiça para impedir que o estado fizesse isso. Tivemos uma disputa judicial, e em última instância prevaleceu a posição da Anvisa, que dizia que essa é atribuição da Anvisa, e portanto não poderia ser assumida pelo estado da Bahia. Ora, para eles, conter a entrada e medir a temperatura das pessoas em aeroportos colocava em risco a ‘soberania nacional’. Me desculpe, mas estamos falando de soberania da Anvisa”, disse.

A questão da “soberania” também foi usada como justificativa na documentação entregue pela Anvisa ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de liberação da Sputnik V. Para o órgão, ”submeter a análise técnica” da instituição a “uma decisão tomada por autoridade estrangeira” é abdicar da soberania nacional.

Rui, no entanto, avalia que o órgão está mais preocupado em não perder a “exclusividade” do que em preservar a saúde dos brasileiros. “Minha percepção às vezes é que estamos reféns de corporações. Talvez seja o único caso em que um estado subnacional não conseguiu medir a temperatura no aeroporto porque a agência que deveria cuidar da saúde pública estava mais preocupada com a sua autonomia, ou com as suas burocracias. Eu não consigo entender como vários países do mundo já estão usando a Sputnik e a Anvisa está preocupada em não perder seu posto de exclusividade. Essa condição, em plena pandemia, de dizer que só vai analisar qualquer vacina se fizer um estudo no Brasil… Imagine se todos os países fizessem isso, a população levaria anos pra ser vacinada”, pontuou. “Não me parece racional ou bom senso, muito menos um raciocínio que não coloca vidas humanas em primeiro lugar”, acrescentou o governador.